quarta-feira, 27 de agosto de 2014

A Bela Espiã - Capítulo 01


Demetria Lovato olhou ao redor, apreensiva.
Durante o dia inteiro, aquela desagradável sensação de que alguém lhe vigiava cada
movimento não deixara de perturbá-la. Estaria sonhando? Tentou reconstituir os acontecimentos, procurando localizar o momento exato em que começara a ter suspeitas tão absurdas.Ao ir para o escritório de manhã, tudo estivera absolutamente normal. Só depois que Selena a informara da necessidade de ir ao encontro de Joseph Jonas, para rever junto com ele as traduções, é que alguma coisa começou a lhe parecer estranho.
No início Demetria não deu muita atenção ao fato, incapaz de acreditar que alguém se
interessasse em saber de sua vida. Era uma mulher racional e pouco dada a fantasia,
achando que para tudo existia uma explicação lógica. Mas ao sair para fazer algumas
compras antes do encontro, a impressão de que era seguida tornou-se real demais para ser ignorada. A sensação persistia mesmo agora, no luxuoso bar do Westin Oaks Hotel. Demetria estava ali totalmente contra a vontade. Detestava ficar sozinha num bar,mesmo sofisticado como este, e não sentia o menor entusiasmo em conhecer Joseph Jonas.
Há três meses, quando passara a ser a única encarregada das traduções da empresa
Jonas, alguma coisa muito estranha acontecera.
Ao ver uma foto de Joseph Jonas no jornal, Demetria começara uma busca diária de notícias sobre ele, a ponto disso se tornar quase uma obsessão. O pior era que seu interesse não se limitava apenas ao aspecto comercial. Era inegável que a figura atraente dele a fascinava... e também a deixava terrivelmente contrariada.
"Só um psiquiatra, e dos melhores, será capaz de explicar essa minha mania em
torno de um homem desconhecido", pensou ela, com um suspiro. "Devo estar ficando louca!"
Demetria lutara muito para alcançar sua independência financeira e se tornar uma
mulher que não precisaria nunca apoiar-se em um homem para sobreviver. Seu passado fora traumatizante demais e tinha jurado nunca cair na armadilha cruel do casamento,como acontecera com sua mãe.Sentia-se disposta a tudo, menos a ficar na posição passiva de esposa, sujeita a abusos e crueldade por parte de um marido. Pesadelos sobre sua infância infeliz eram um aviso constante de que deveria evitar a qualquer custo se envolver com um homem. Achava que no dia em que se apaixonasse acabaria por se tornar fraca e vulnerável. Entretanto, Joseph Jonas despertara nela um comportamento de adolescente:seguia ansiosamente através dos jornais cada passo e cada palavra de um desconhecido.
Esse seu descontrole a deixava muito perturbada.
Era mesmo uma ironia do destino! Em menos de dez minutos iria se ver diante do
homem que povoava seus sonhos... ou melhor, seus pesadelos. E tudo por culpa de
Selena!Se havia algo que a irritava era ficar sozinha num bar. A cada minuto sua inquietação aumentava.
O local era extremamente elegante e atraía grupos de executivos, além de inúmeros
frequentadores da grande galeria de lojas luxuosas, próxima do Hotel.
Vozes animadas e risos enchiam o ambiente e Demetria sentia-se cada  vez menos à
vontade por estar desacompanhada. Por quanto tempo ainda precisaria suportar essa situação?
Vinte minutos mais tarde, sua agitação aumentara a tal ponto que nem os dois copos
de vinho branco tinham conseguido acalmá-la. Cruzando as pernas, com irritação, Demetria atraiu os olhares masculinos mais próximos, que se deliciaram com a visão das formas perfeitas.
A raiva e o nervosismo fizeram com que ela derrubasse um pouco do vinho sobre a
mesa e, num impulso, decidiu ir embora. Se Joseph estava atrasado devido a algum
imprevisto, talvez nem fosse mais comparecer ao encontro marcado e ela não iria ficar esperando feito uma idiota! Ele devia ter tido ao menos a educação de mandar alguém lhe comunicar o fato!
— Srta. Lovato?
Demetria teve um sobressalto ao ouvir a voz feminina. Com certeza era a secretária de
Joseph, que vinha avisá-la de que ele não poderia comparecer. Além de tê-la feito esperar por mais de meia hora, ele se dava ao luxo de não aparecer ao encontro marcado!
— Desculpe-me, senhorita... o sr. Jonas telefonou pedindo que o perdoe, mas está
atrasado. Deverá chegar em quinze minutos e enquanto isso quer lhe oferecer um
aperitivo.
— Obrigada... — Demetria nem sabia dizer se ficara alegre ou triste por Joseph não ter
desistido.
"Como posso sentir uma excitação tão grande e ao mesmo tempo uma sensação de
tragédia iminente?," pensou. Seu olhar caiu sobre o Wall Street Journal, dobrado sobre a cadeira ao lado. O artigo sobre Joseph estava praticamente gravado em sua mente.
Sem dúvida, havia algo de assombroso num homem capaz de controlar tantos
destinos e exercer um poder tão amplo. Embora Demetria não concordasse inteiramente com esse domínio sobre muitas vidas, não conseguia deixar de admirá-lo.Joseph Jonas comandava com autoridade absoluta o imenso império da família.
Uma famosa indústria eletrônica, poços de petróleo, propriedades por todo o sul do Texas,um ou dois bancos e a inigualável fazenda na região de Hill Country, onde criavam cavalos e gado de raça, eram um dos aspectos do complexo econômico que se espalhava pelo mundo inteiro.
Ele assumira essa pesada responsabilidade com apenas vinte e dois anos, devido ao
prematuro abandono dos negócios por seu pai. Mattew Jonas perdera todo o interesse na vida após o trágico acidente onde a mulher e a filha tinham morrido. Embora ele houvesse se recuperado fisicamente, sua mágoa jamais diminuíra e Joseph, mesmo relutante, foi obrigado a tomar as rédeas do império Jonas.
Sua autoridade não foi muito bem aceita no início. Tanto os funcionários como os clientes se ressentiram ao ver um jovem até então considerado como um playboy
irresponsável, com tanto poder nas mãos.
Durante onze anos, Joseph lutou para provar sua capacidade incomum e a visão
aberta de um executivo perfeito. Corria o rumor de que ele reinava sobre todos com mãos de ferro e olhos de águia, não deixando de observar um único detalhe, por mais
insignificante que pudesse parecer. Nada escapava ao seu controle.
O que intrigava Demetria era que uma empresa tão importante como a Jonas
usasse o escritório de sua irmã para suas traduções. Sem dúvida, a "Lovato Tradutores" era uma das melhores no ramo, mas por que a Jonas não tinha um departamento próprio para fazê-las? Afinal, o volume de material a ser traduzido justificaria uma equipe fixa de tradutores.
De repente, Demetria sentiu um arrepio de apreensão e a sensação de ser observada
voltou a incomodá-la. Havia alguém, ali, naquele bar, que a olhava com insistência.
Levantando a cabeça, ela percorreu com atenção cada uma das mesas, encontrando apenas olhares de desejo ou de convite.
Estava a ponto de desistir, quando um par de olhos esverdeados a atraiu. Ela não
conseguiu ver mais nada além do olhar hipnótico que a observava, implacavelmente, à espera de uma reação.
Demetria sentiu uma onda de pânico ao perceber que não conseguia desviar seu olhar, como se estivesse presa por uma força sobrenatural. Tentou romper esse poder invisível que a dominava, mas o desconhecido foi o primeiro a desviá-los.
Antes mesmo de ver, ela soube para onde os olhos esverdeados se dirigiam.
Como se a maioria das luzes tivesse se apagado por encanto, o bar ficou numa
penumbra acolhedora, os ruídos se reduziram a um simples murmúrio. Demetria tinha
certeza de quem acabara de entrar na sala como se alguém lhe tivesse anunciado
claramente o nome do recém-chegado.
Ela jamais tivera uma sensação tão atordoante. Encostando-se na cadeira estofada,
esqueceu de tudo o mais a não ser a figura ainda difusa do homem muito alto parado à entrada. Estava trêmula e queria evitar encará-lo adiando o momento em que teria,
finalmente, Joseph em pessoa diante de si.
Ele não estava sozinho. Acompanhavam-no um outro homem, também alto, e uma
mulher esguia e miúda, que sorria insinuante para...
"Céus, não compreendo mais nada!" pensou Demetria, ao ver o homem de olhos
esverdeados atravessar o salão e abraçar carinhosamente a recém-chegada.
Sem saber o que pensar sobre a ligação de seu perseguidor com o seu cliente,
Demetria olhou para o homem que a obcecava há tantos meses, povoando-lhe os
pensamentos sem deixá-la um momento em paz.
Deixara-se fascinar por um desconhecido e acabara se envolvendo em fantasias
loucas. Perdera toda a capacidade de raciocinar com bom senso!
Homem algum poderia ser tão maravilhoso como uma fantasia. Enfrentá-lo
pessoalmente era a única chance de voltar à normalidade de sua vida organizada,
concluiu.
Como ele ainda não a vira, Demetria pôde examinar despreocupadamente cada
detalhe daquele moreno sedutor.
Apesar do terno clássico, era nítida a força viril do corpo musculoso e dos ombros
muito largos. No olhar orgulhoso, havia uma sombra de mistério e o queixo firme tinha uma arrogância natural.
Demetria estremeceu. O homem que se dirigia à sua mesa era real, emanando uma
vitalidade e uma sensualidade tão intensas, que ela precisou lutar para recuperar o
controle."Não é justo! Como vou me libertar dessa terrível fascinação se só o fato de estar próxima dele já me deixa completamente perturbada?" pensou, apertando o guardanapo num gesto de nervosismo.
Com a garganta seca e o coração aos pulos, ela observou as reações femininas
causadas pela passagem de Joseph.
Ele atravessara o salão com tranqüilidade, parecendo muito à vontade. Os cabelos
negros brilhavam e os olhos frios finalmente a fitaram.
Demetria conhecia cada traço daquele rosto, mas isso não a preparara para o impacto.Quando Joseph colocou as mãos bronzeadas sobre o espaldar da cadeira e fitou-a, sentiu se perdida no verde daqueles olhos.Era um tom de verde que lembrava a sombra de carvalhos, grama recém-cortada e Demetria se surpreendeu ao sentir em Joseph, um homem ligado à terra e não um executivo típico dos centros urbanos.Tudo nele lembrava a natureza primitiva e indomável e mais uma vez ela quis lutar contra a atração que a impelia em direção ao abismo. Não queria de modo algum um homem em sua vida!
Finalmente, com um sorriso que a deixou trêmula, ele perguntou:
— Você é Demetria, a irmã de Selena?
— Somos apenas irmãs de criação, sr. Jonas — respondeu com esforço, rezando para não demonstrar a emoção absurda que a descontrolava.
— Não há necessidade de formalidade entre nós, Demi... prefiro que me chame de Joseph.
— Não... isto é, ... sim, Joseph... — ela gaguejou, confusa. A voz extremamente sedutora não combinava com o brilho duro e ameaçador daqueles olhos verdes.
Depois de pedir mais vinho ao garçom, Joseph acendeu um cigarro, observando por longo tempo cada detalhe da garota sentada à sua frente. Jamais poderia imaginar que a irmã de Selena tivesse uma aparência tão sedutora.
Cabelos dourados, presos numa longa trança, formavam uma coroa em torno do rosto delicado, onde olhos de violeta se destacavam como ametistas. Era uma fisionomia pura e inocente, apenas a boca, de contornos marcados e sensuais, sugeria um temperamento fogoso.Viera preparado para encontrar um outro tipo de mulher, mais vivida... Agora teria que mudar seus planos. Não conseguia se imaginar pressionando uma garota tão ingênua!
Com certeza, Selena a enviara de propósito para confundi-lo e assim afastar as suspeitas sobre si mesma.
Entretanto, por mais inocente que parecesse, Demetria iria ser obrigada a confessar
até que ponto estava envolvida nas atividades criminosas da irmã.
— Então, Demi, me diga por que sua irmã nunca nos apresentou antes? Teria sido
um prazer...
— Ela não é minha irmã, sr. Jonas! Eu trouxe as traduções para o francês e o
alemão, conforme pediu — Demetria sentiu uma certa ironia nas palavras de Joseph, mas não conseguia decifrar o motivo.
— Não aqui, querida! Sua irmã não lhe avisou que essas cartas são confidenciais?
— Irmã de criação, sr. Jonas! Quanto à necessidade de manter segredo, creio que
não precisa se preocupar. Estou perfeitamente ciente disso, desde que Selena me
encarregou das traduções, há três meses.
— Ora, não diga. Eu não sabia disso... — Josepha fitou com raiva, contendo-se com
dificuldade.
Há dois meses, Ashley e Sheila Stone, um casal de talentos extraordinários, descobrira um vazamento de informações confidenciais da Jonas Eletronics. Uma indústria de computadores da Europa estava se beneficiando com os mais bem guardados dos segredos dos Jonas. No entanto, fora apenas há poucas horas que tinham tomado conhecimento de que Demetria era a única tradutora das cartas da empresa. Imediatamente Ashley começara a segui-la.
Joseph marcara o encontro com ela no bar do hotel que ficava em frente ao prédio das empresas Jonas. Era uma maneira de Ashley, Sheila e seu irmão Nicholas Jonas
poderem observar cuidadosamente a maior suspeita da espionagem.
Cerrando os punhos, Josephlutou para não sacudir aquela loirinha frágil até fazê-la
confessar.
Respirando fundo, percebeu os olhares preocupados dos outros três, no outro lado do salão.Seus companheiros o conheciam muito bem e já tinham percebido que seu
temperamento explosivo estava chegando ao limite de sua capacidade de suportar a
tensão. Precisava agir friamente e conseguir o máximo de informações possíveis. Afinal,essa bonequinha loira e sua diabólica irmã haviam roubado nada menos do que dois milhões de dólares da empresa!
— Há quanto tempo trabalha com sua irmã, Demi? Ou será que são sócias?
— Quantas vezes precisarei dizer que somos apenas irmãs de criação?
— Ora, desculpe! É um tanto confuso à primeira vista, já que as duas têm o mesmo
sobrenome. Entretanto, acho que Selena se refere a você como irmã... ou estarei
enganado?
— Tenho certeza de que está enganado. Selena jamais se dignaria a me chamar de
"irmã" a não ser por algum motivo oculto. Nosso relacionamento é apenas profissional, pois não temos laços, nem de afeição, nem de amizade. Aliás, o que ela gosta de contar é como foi magnânima com a pobre irmã de criação, ajudando-a a terminar os estudos através de um empréstimo. É evidente que esquece de mencionar que me paga apenas um quarto do salário normal, retendo o restante para
saldar a minha dívida! — Demetria não conseguiu evitar o tom venenoso, mesmo com a intuição de que Joseph estava provocando-a justamente para que perdesse a calma."Ótimo! Agora a mocinha está mostrando as garras e tenho como enfrentá-la! Chega de rodeios... os ladrões estão brigando entre si e chegou a minha hora...", pensou Joseph,satisfeito.
Tomando mais um gole de vinho, Demetria achou que era impossível esquecer as
mágoas causadas por tantos anos de maus-tratos por parte de Selena. Mas ao ver os olhos verdes fitando-a, interrogadores, desculpou-se.
— Sinto muito... o passado às vezes volta sem avisar, provocando-nos reações
inesperadas.
— Você me parece muito jovem para ter um passado. No entanto, conheço Selena há
mais de dois anos e sempre achei muito desagradável tratar com ela. Acho que
compreendo seu desabafo.
— Que estranho! Ela sempre prefere tratar com os clientes masculinos. — Demetria
replicou, sarcástica. A insistência de Joseph em falar sobre Selena já a estava irritando.
Joseph piscou com um ar de cumplicidade.
— Selena não é meu tipo. Tenho uma preferência marcada por olhos cor de violeta,
pele de magnólia e lábios como pétalas de rosa. . Deviam ter-lhe dado um nome mais
exótico, sabia? "Demetria" não dá idéia de como você é linda.
Pele de magnólia e pétalas de rosa foram as expressões mais banais e gastas que
Demetria já ouvira. Não fosse a sensualidade da voz máscula de Joseph, ela teria rido.
— Diga-me, Demi... por acaso Selena contrata tradutores free-lancers para trabalhar
com você?
— Oh, não. De jeito nenhum!
— E algum dos funcionários costuma levar serviço para ser feito em casa?
— Não. Só eu posso fazer isso.
As respostas de Demetria eram diretas e não davam a impressão de terem sido
ensaiadas. Joseph estava achando cada vez mais difícil decidir se a inocência dela era um disfarce ou não. Segurando a mão delicada entre as suas, ele acariciou devagar a pele macia do pulso frágil.
Perturbada pelo gesto íntimo e pela súbita mudança do rumo da conversa, ela tentou
explicar:
— É uma das regras da firma que nenhum papel seja retirado do escritório.
Entretanto, como o volume e a dificuldade das cartas que vocês têm nos enviado é muito grande e, além disso, o prazo é limitado, Selena decidiu que eu levasse o trabalho para ser feito em casa. Pode ficar certo, Joseph, seus papéis permanecem o tempo todo sob meu controle. Ninguém põe a mão neles, do momento em que os recebo de seus mensageiros até entregá-los de volta aos mesmos.
— Quantos anos você tem, Demetria?
— Vinte e sete. Tenho todos os dentes, não sofro da coluna e dizem que tenho uma
inteligência razoável. Quer saber mais alguma coisa? — ela já estava se cansando das mudanças imprevistas de Joseph. Ora ele a olhava com sensualidade e calor, ora com raiva e frieza.
— Não, não! As suas qualidades já me deixam extremamente satisfeito. Aliás, quando
fica com raiva, o tom de seus olhos é ainda mais lindo... Aposto que ficam assim quando faz amor.
Furiosa, Demetria apanhou a pasta e a bolsa para retirar-se, porém, ele a segurou e a
empurrou de volta para a cadeira.
— Pensei que tivesse mais senso de humor — desculpou-se, intrigado com a
expressão no rosto de Demetria. Até parecia sentir medo de ouvir falar em amor!
O problema de Demetria não era falta de senso de humor e sim o efeito perturbador do que ele dissera antes. Joseph exprimira numa frase o único pensamento que tomara conta dela desde o momento em que o vira entrar naquele bar.
— Fale-me um pouco sobre sua vida, Demi.
— Não há muito a contar.
— Não posso acreditar, deve haver algo de interessante na vida de uma mulher
atraente e inteligente como você.Minha história vai deixá-lo entediado. Eu mesma acho que minha vida é bastante monótona.
— Deixe-me dar minha própria opinião.
— Bem... nasci na Geórgia e meu pai era diplomata, por isso vivi em vários países
diferentes. Talvez seja um dos motivos da minha facilidade para idiomas estrangeiros.
Desde muito cedo precisei me adaptar a línguas e costumes estranhos aos meus, nas
inúmeras escolas que freqüentei. Papai morreu quando eu tinha quinze anos, e três meses mais tarde minha mãe casou-se com Charles, o pai de Selena.
— Isso não a deixou perturbada? Quer dizer... só três meses depois, ela já ter outro
marido?
— Não... na verdade, não muito.
— E depois? O que aconteceu?
— Não vejo por que minha vida...
— Ora, Demi, estou achando muito interessante. Pode continuar!
— Voltamos para os Estados Unidos e eu freqüentei a Universidade do Texas, onde
me formei em Letras. Tirei meu diploma de Francês, Alemão, Italiano e Espanhol. Prestei o exame de mestrado e agora estou tentando completar minha tese de doutorado. Fim da história!
Um olhar cético transfigurou a fisionomia de Joseph. Aquela garota estava tentando
enganá-lo. Provavelmente queria passar-lhe uma imagem falsa, para convencê-lo de sua inocência. Ao perceber a reação dele, Demetria levou um choque. Estava acontecendo alguma coisa da qual ela não tinha a menor noção! O que poderia ter dito para desagradá-lo tanto? Mas o sorriso cativante já havia retornado ao rosto dele.
— Estou sendo uma companhia desagradável demais, srta. Lovato?
— Oh! Desculpe, eu estava distraída...
— Queria perguntar-lhe se aceitaria jantar comigo.
— Eu... bem...
— Precisamos rever as traduções, porém estou morto de fome e não conseguiria me
concentrar. Além disso... Não me obrigue a fazer mais uma refeição solitária!
Sem forças para recusar, Demetria deixou que Joseph a dirigisse através das mesas.
Quando percebeu aonde ele a levava, tentou resistir, mas a pressão no seu braço
aumentou até que pararam diante de uma mesa com as duas pessoas que tinham chegado
com ele e o homem de olhos cinzentos.
— Demetria, esta miniatura de mulher é Sheila Stone. Cumprimentando-a, Demetria
teve a estranha sensação de que todos a examinavam com um interesse exagerado.
— Este é o marido de Sheila, Ashley Stone.
Antes de Demetria poder olhar bem para o homem que tanto a perturbara, Joseph continuou:
— E eis meu irmão, Nicholas.
Sem dúvida, a semelhança entre eles era muito forte, mas Nicholas tinha os traços
mais suaves e os olhos castanhos, além de um sorriso bem-humorado e franco.
— Alô, Demetria. Que prazer. . . Há quanto tempo trabalha com Selena?
— Não é da sua conta, Nicholas! — respondeu Joseph, antes que Demetria pudesse
abrir a boca.
Um silêncio desagradável seguiu-se às palavras rudes. Havia uma tensão evidente
em todos, principalmente nos dois irmãos.
"Por quê? Por que todos parecem estar contra mim? Jamais os vi e no entanto sei
que me acusam de alguma coisa!", ela pensou, disposta a enfrentá-los e esclarecer o
motivo de tanta animosidade.Mas Joseph, com um gesto brusco, afastou-se da mesa apenas com um aceno de despedida. Sem soltar-lhe o braço, levou-a até a porta onde parou para pagar as bebidas.
Demetria voltou-se e encontrou o olhar penetrante de Ashley. O que teria feito para
merecer tanto desprezo de pessoas que nem a conheciam?

Continua...
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PRIMEIROOOO CAPÍTULO DA MINI-FIC então amores,como vocês viram o ca´pítulo é bem grandinho,e todos eles serão assim,essa fic tem 10 capítulos,todos grandes.No último post da sinopse vcs não comentaram :c o que me fez pensar que vocês não estavam curiosos por essa fic,mas enfim aqui está,logo posto.Gostaram?
COMENTEM...BEIJOS...XOXO!!

2 comentários:

  1. Ameeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeiiiiiiiiiiiiiii o primeiro capitulo,to vendo que vou amar a mini-fic inteira...pelo jeito o Joe vai aprontar nesse jantar..Posta logoooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo pleaseeeeeeeeeeeeeeee

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    1. OMG que bom que amou flor <3, eu também amo essa história e imaginei que ficaria ainda mais perfeita se eu adaptasse para jemi hsauhsau <3 Logo posto

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